Mova-se
4 de junho de 2024
Artigos

Faixas Exclusivas: contexto e importância

Por Eliane Kihara – Gerente de Manutenção na Metrobus Transporte Coletivo O QUE SÃO FAIXAS EXCLUSIVAS? Os congestionamentos nos grandes…

Por Eliane Kihara – Gerente de Manutenção na Metrobus Transporte Coletivo

O QUE SÃO FAIXAS EXCLUSIVAS?

Os congestionamentos nos grandes centros urbanos geram perdas econômicas diretas com combustíveis, tempo, emissão de gases poluentes e efeitos colaterais que influenciam a qualidade de vida da população. Uma solução de mobilidade urbana nesse contexto é a implementação de faixas exclusivas de ônibus. As faixas exclusivas são faixas da malha viária dedicadas unicamente ao transporte público.

As faixas exclusivas tem por objetivo: garantir prioridade no sistema viário ao transporte coletivo; diminuir o tempo do passageiro dentro do veículo; aumentar a produtividade do transporte público sobre pneus; reduzir os custos do transporte público e, consequentemente; e compartilhar os espaços da cidade de forma justa e racional.

A tentativa de usar transporte coletivo e privilegia-lo com a implantação de faixas exclusivas e corredores não é recente. Os Estados Unidos utiliza a alternativa desde a década de 1930. Na Europa a primeira faixa de ônibus foi instalada em Hamburgo, Alemanha, em 1963, onde a ação foi copiada em 1970 nas demais cidade alemãs. Muitos especialistas de outros países (primeiro no Japão) estudaram o exemplo alemão e introduziram soluções semelhantes. No mesmo contexto algumas cidades norte americanas estão apostando em sistemas semafóricos para intensificar a prioridade do transporte coletivo (ECCEL, 2015). Já no Brasil, as faixas exclusivas de ônibus surgiram entre as décadas de 1970 e 1980, mas só ganharam foco na última década. Atualmente, estão em operação 125 corredores com 901 km de extensão total, sendo 10 corredores na cidade de São Paulo com 130 km de extensão total e 3.194.000 passageiros transportados por dia, o que corresponde a 26,24% dos usuários totais da cidade (EMBARQ, 2016).

VANTAGENS DAS FAIXAS EXCLUSIVAS

A NTU em pesquisas nos principais centros urbanos cita como vantagens das faixas exclusivas: implantação em curto prazo (entre 1 e 6 meses); atendimento imediato às expectativas da população usuária do transporte público por ônibus; não há necessidade de desapropriações; baixo custo de implantação (de 100 mil a 500 mil reais por quilômetro);redução do consumo de combustíveis (até 30%) e da emissão de poluentes (até 40%); redução de até 40% no tempo de viagem; e impacto positivo na mobilidade da cidade.

EXPANSÃO DO SISTEMA

O Idec fez um levantamento, em quilômetros, da quantidade de corredores e faixas exclusivas de ônibus, por sentido, em 12 capitais. Onde a partir dos dados levantados na pesquisa, e considerando informações socioeconômicas do IBGE, foram gerados índices para representar a infraestrutura de cada município. São eles: quilometragem de infraestrutura (faixas e corredores de ônibus) pela população (km por 100 mil habitantes); densidade de infraestruturas no viário (km por km de vias carroçáveis); e quilometragem de infraestrutura pela capacidade financeira dos municípios (km por PIB x R$1.000.000,00).

Uma avaliação geral dos resultados nos permite concluir que:

– Curitiba e Porto Alegre se destacam como as capitais que mais investiram na priorização do transporte público nas vias, terceira e quarta maior quilometragem de corredores e faixas exclusivas em valores absolutos . Além disso, têm as maiores redes em relação às suas populações e capacidades econômicas.

-Os municípios de Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo têm desempenhos intermediários. São Paulo, de fato, possui a maior rede do país, e ampliou bastante as faixas exclusivas, mas o valor ainda se mostra tímido perante sua capacidade de investimento. No Rio de Janeiro o investimento foi maior em corredores BRTs, mas também fica abaixo dos índices em relação à população na análise comparativa.

-Curitiba tem valores altos de cobertura em relação à população e à quantidade de vias da cidade, mas claramente pode expandir sua rede de faixas exclusivas.

-Goiânia destaca-se no índice de quilômetros de priorização do transporte coletivo pela capacidade financeira. Apesar de possuir a quantidade absoluta relativamente baixa, pode-se perceber que o investimento em infraestruturas para os ônibus é alto se comparado com o PIB do município.

Os estudos apontam que as capitais brasileiras avançaram pouco na priorização do transporte coletivo, pois em nenhuma delas os corredores e faixas exclusivas alcançam 5% das vias. Com as análises entre as infraestruturas existentes e as características socioeconômicas que se tem noção da importância dada ao transporte coletivo no Brasil e a necessidade de implementação de politicas públicas voltadas a mobilidade urbana.



Fechar

Preencha os campos abaixo para iniciar a conversa no WhatsApp.

WhatsApp Voltar ao topo