Um engenheiro chamado Destin Sandlin criou essa bicicleta maluca que tem a direção invertida. Ao virar o guidão para a direita, a roda vira para a esquerda e vice versa. Como o nosso cérebro está totalmente programado para fazer o o oposto, não é possível manter o equilíbrio sobre a bicicleta ao se deparar com essa inversão.
Este experimento nos demonstra o que já sabemos: “comportamentos aprendidos, e, repetidos várias vezes, se tornam automatizados. Para alterar tais comportamentos necessário muito esforço e muito treinamento, muito tempo. Neste caso o engenheiro demorou 8 meses para conseguir andar na bicicleta invertida, para mudar seu comportamento habitual.
Começamos esta discussão com este experimento para nos preparar para uma discussão importante: quais os riscos aos pedestres e motoristas traz esta ‘novidade’ do CTB, em permitir avanço de sinal vermelho para conversão à direita sob algumas condições?
CTB:
Art. 44-A. É livre o movimento de conversão à direita diante de sinal vermelho do semáforo onde houver sinalização indicativa que permita essa conversão, observados os arts. 44, 45 e 70 deste Código.
Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em uma interseção se houver possibilidade de ser obrigado a imobilizar o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou impedindo a passagem do trânsito transversal.
Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.
O que nosso cérebro está habituado? “quando o sinal de uma via fecha, o de pedestre se abre”.
Nesta situação, por hábito, o pedestre irá atravessar a via com mais de uma pista, ao perceber que os veículos das pistas, que não seja a pista mais da direita, pararam em respeito ao sinal vermelho. O pedestre avançará automaticamente sobre a pista, e pode ser atropelado pelo veículo da direita, que neste caso tem a autorização para convergir à direita.’
Estamos falando de risco de atropelamento e morte, como já foi medido estatisticamente nos EUA, país no qual medida semelhante foi implantada e está vigente. Lá, a regra é a permissão de convergir à direita, mesmo com sinal da via fechado, a exceção é a proibição, que é bem sinalizada. Os americanos pagaram com vidas perdidas pela incorporação deste novo hábito, e ainda ocorrem acidentes deste tipo todos os dias.
A pergunta é: Vale o custo de vidas perdidas para se conquistar uma maior fluidez no trânsito de veículos?
Outras perguntas que merecem respostas:
Qual o valor a ser priorizado neste caso e nos demais relativos à mobilidade: a vida ou a maior fluidez do trânsito de veículos?
Houve pesquisa para a implantação de tal norma, considerando o risco a pedestres?
Houve campanha educativa para a mudança de comportamento de motoristas e pedestres?
Haverá pesquisa sobre atropelamentos efeitos desta norma após sua implantação?
Mova-se Fórum Mobilidade