Mova-se
17 de novembro de 2022
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METROBUS: do alvorecer ao descaso

A Metrobus surge em 1997, por conta da cisão da Transurb, para operar o Eixo Anhanguera. Com seus mais de…

A Metrobus surge em 1997, por conta da cisão da Transurb, para operar o Eixo Anhanguera. Com seus mais de quarenta anos e 14 quilômetros, o ‘Eixão’ tem em sua história avanços e reveses que devem ser sempre lembrados pelos goianienses.

O alvorecer da Avenida Anhanguera surge da necessidade de ligar o centro de Goiânia a Campinas na década de 1960, mas o seu esplendor ocorre pelas mãos de Laime Lerner em 1976: depois do sucesso em Curitiba, Goiânia entra para a história da mobilidade como o primeiro grande projeto de BRT, sigla em inglês para Bus Rapid Transit, um sistema de transporte de alta capacidade com corredores exclusivos – assim, os ônibus podem percorrer grandes distâncias sem ficar presos no congestionamento. A combinação de investimentos de infraestrutura e ônibus garantem a eficiência do sistema, para que grande volume de passageiros possa ser atendido, suprindo a necessidade de grandes metrópoles.

Em 1998 foi feita a reforma que deu a cara que conhecemos hoje: plataformas elevadas do chão (93cm) em 19 paradas para atender ônibus articulados e biarticulados. Com 5 terminais de integração, conecta 15 dos 18 municípios que compõe a Região Metropolitana de Goiânia.

Contudo o passar dos anos foi pesando para esse gigante sistema, que ao invés de receber investimentos necessários para aumentar sua longevidade, foi vítima de ações populistas no início dos anos 2000. Tarifas subsidiadas em troca de votos e falta de investimentos transformou o BRT em uma personificação da obsolescência que perdura por décadas. A falta de manutenção e reformas emergenciais vem se tornando a realidade para o Eixo Anhanguera.

Em 2011 ventilou-se a ideia de substituir o BRT pelo VLT, pura modinha eleitoreira, para dar um ar europeu ao centro da cidade. Mas com certeza a técnica deve ter pesado na hora que desistiram desta ideia, visto que o VLT não conseguiria atender um volume tão grande quanto o que nossa metrópole precisa – por isso tem o L na sigla: veículo Leve sobre trilhos. E os investimentos para tirar o VLT do papel são superiores aos que o BRT até então sempre precisou e nunca teve: o custo de implantação é de R$60 milhões/quilômetro, enquanto de um BRT são R$20 milhões/quilômetro.

Recentemente, uma contratação emergencial foi realizada e pode representar uma luz no fim do corredor: em junho de 2022 um acordo operacional entre Metrobus e concessionários privados, permitindo que uma alocação de 65 ônibus pudesse suprir o sucateamento da frota da gestora do Eixo Anhanguera. O resultado desta ação pode ser observado em pesquisa realizada pelo Mova-se Fórum de Mobilidade, que apontou que 73% dos usuários ficaram satisfeitos com o novo serviço ofertado. Talvez estejamos vendo como poderíamos resolver de forma efetiva e sem politicagem a forma de revitalizar esse importante eixo para a população goiana e poderíamos aprofundar esse modelo, para além da frota, como por exemplo: infraestrutura, usos de solo, aproveitamento de estações. Por que não tentarmos? O Eixo Anhanguera precisa servir ao cidadão, e não mais ficar à serviço do descaso.

Adriano Paranaíba é Doutor em Transportes e membro do Mova-se Fórum Nacional de mobilidade



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