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27 de junho de 2022
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AUMENTO DO DIESEL E SEUS IMPACTOS NO TRANSPORTE PÚBLICO

Por Miguel Angelo Pricinote Com as férias de julho se aproximando, muitas pessoas estão na expectativa em aproveitar a redução…

Por Miguel Angelo Pricinote

Com as férias de julho se aproximando, muitas pessoas estão na expectativa em aproveitar a redução dos impactos da pandemia para descansar após dois anos de lockdown e restrições. Mas planejar aquela viagem dos sonhos ficou muito mais complicado; entre passagens aéreas exorbitantes, aumento no preço das hospedagens e, é claro, o assunto que está na mente de todos há meses: preços cada vez mais altos dos combustíveis. Somente neste mês, a Petrobras reajustou novamente os preços, conforme figura abaixo:

O aumento dos preços dos combustíveis é a principal preocupação dos brasileiros para 2022, mais preocupante do que sua capacidade de pagar contas ou uma inflação mais ampla, de acordo com uma pesquisa recente da eMoney Advisor.

Os preços recordes dos combustíveis são um resultado direto da escalada dos preços do petróleo. O preço do petróleo caiu na primavera de 2020 durante o crash do Covid-19, mas hoje um barril de petróleo chega a quase US$ 130, com preços mais altos como resultado direto da invasão da Ucrânia pela Rússia – auxiliado pela forte demanda do consumidor à medida que o mundo se move devido ao Covid-19 e à oferta fraca, à medida que as principais nações produtoras de petróleo estrangulam a produção. A seguir estes itens serão melhores apresentados

A guerra da Rússia contra a Ucrânia e o preço do petróleo

A guerra da Rússia na Ucrânia passou de uma ameaça à realidade no final de fevereiro, o que fez com que os preços do petróleo subissem brevemente acima de US$ 100 o barril antes de recuar para US$ 90. Nas duas semanas seguintes, o preço do petróleo bruto subiu de forma constante à medida que os EUA e seus aliados ocidentais impuseram sanções paralisantes à Rússia.

Gigantes da energia como Shell, BP e Exxon desistiram de acordos de energia russos, enquanto o governo Biden anunciou a proibição de importar petróleo russo e outros produtos petrolíferos, o que representa cerca de 8% dos embarques de petróleo com destino aos EUA.

O componente de demanda dos preços mais altos do petróleo

Quando a recessão do Covid atingiu o mundo há quase dois anos, os preços do petróleo despencaram junto com o mercado de ações. À medida que o novo coronavírus se espalhava pelo mundo, os governos impuseram rapidamente bloqueios na tentativa de proteger seus cidadãos. Os bloqueios levaram a interrupções econômicas sem precedentes, resultando em menos demanda de energia e queda dos preços do petróleo.

A demanda por petróleo voltou forte no final de 2020, quando governos nacionais e bancos centrais injetaram trilhões de dólares na economia global para apoiar trabalhadores e desempregados. No início de 2021, o petróleo havia voltado aos níveis de preços pré-pandemia.

Cortes de produção da OPEP significam preços mais altos do petróleo

Em abril de 2020, uma briga entre a Rússia e a Arábia Saudita sobre os cortes de produção propostos em resposta à nova pandemia de Covid-19 assustou os investidores, fazendo com que o preço do petróleo caísse para mínimos históricos em abril de 2020.

Mas isso foi então. O problema agora é que a oferta de petróleo não acompanhou a recuperação da demanda. É por isso que o governo americano por meio de seu presidente John Biden, apesar de defender um menor consumo de combustíveis fósseis em geral, pediu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados que aumentem a produção de petróleo.

A Arábia Saudita, o país membro mais importante da Opep, produziu 10,8 milhões de barris de petróleo por dia em 2020, segundo a Administração de Informações sobre Energia dos EUA. Isso está abaixo dos 12,1 milhões de dois anos antes.

O impacto da política do ESG

Nos EUA, os produtores de petróleo não têm pressa em expandir a produção. Por quê? Por um lado, eles não querem investir pesadamente em novos poços apenas para ver a oferta aumentar e os preços caírem. Este foi um tema importante do boom do fracking que ajudou a impulsionar os EUA a se tornar a nação número um na produção global de petróleo na última década e meia. Muitas empresas faliram ao se expandirem demais na construção de infraestrutura, apenas para ver os preços do petróleo e do gás despencarem em uma oferta cada vez maior.

Enquanto isso, há um grande impulso de alguns dos maiores investidores institucionais do mundo para direcionar o investimento para empresas com baixos níveis de risco ambiental, social e de governança (ESG). Isso afastou o dinheiro dos produtores de petróleo e gás quando esses dólares ajudariam a aumentar a produção. Portanto sub investimento por causa do ESG é uma das confluências de questões que fazem com que o preço aumente.

Impacto no sistema de transporte público da grande Goiânia – RMTC

No cálculo da tarifa de técnica de R$ 7,2670 a Agência Goiana de Regulação – AGR utilizou como dado para o combustível o valor de R$ 4,139. Segundo a fórmula paramétrica contida nos contratos de concessão o peso relativo do diesel na tarifa é de 35%. Sabendo que o acumulado do ano a alta do diesel variou em média 28,93%. Temos que o impacto na tarifa técnica da RMTC seria de 10,13%.

Ressaltando que o reajuste da tarifa é anual e tem como base os valores levantados em dezembro. Portanto caso a Petrobrás não altere a sua política de preços o impacto será maior no momento do cálculo

Este aumento do diesel gera um aumento mensal nos custos de produção do serviço na casa dos 2 milhões de reais ou seja R$ 24 milhões por anos – valor suficiente com comprar 48 ônibus convencionais ou 12 ônibus articulados a diesel ou até 6 ônibus articulados elétricos.

Outro exemplo é que caso fosse repassado para o usuário este aumento a tarifa subiria para R$ 5,00 ou para manter congelada o valor o poder público iria ter que subvencionar este valor, passando a tarifa base contratual dos atuais R$ 7,26 para R$ 8,00.

Corroborando com este cenário a Associação Nacional da Empresas do Transporte Urbano – NTU reiterou no mês passado o alerta sobre os riscos de faltar ônibus para circular fora dos horários de pico, caso os sucessivos aumentos de custos não sejam compensados de alguma forma. “Temos cidades que já fizeram seus reajustes tarifários anuais e outras que adotaram subsídios emergenciais ou permanentes, a situação varia. Mas a grande maioria dos operadores não têm fôlego financeiro para enfrentar mais esse reajuste e terão que suspender o serviço fora dos horários de pico”, afirma Francisco Christovam, presidente da NTU.

A Região Metropolitana de Goiânia não corre mais este risco, uma vez que no final de 2021 uma ação conjunto entre o governo do estado de Goiás e a prefeitura de Goiânia alteraram o modelo de remuneração dos serviços fazendo com que o mesmo ficasse equilibrado e sem pesar no bolso dos usuários do serviço.

ANEXOS

1 – SEI_GOVERNADORIA – 000028690643 – Nota Técnica para atualização tarifária

2 – Valores de referência do Edital de Concessão – CMTC/2007

3 – Oferta do Serviço – Boletim RedeMob – Junho/2022

4 – Memória de cálculo utilizada no estudo



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