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24 de junho de 2022
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A REVOLUÇÃO DO TRANSPORTE PÚBLICO NO BRASIL

Por Miguel Angelo Pricinote O efeito da pandemia do COVID-19 no uso e na percepção do transporte público foi dramático…

Por Miguel Angelo Pricinote

O efeito da pandemia do COVID-19 no uso e na percepção do transporte público foi dramático no início do ano de 2020. Um estudo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano), por exemplo, apresentou que o número de passageiros de ônibus caiu 75% em março de 2020. Embora o uso do transporte público esteja voltando a subir em todo o mundo os efeitos da pandemia devem persistir ainda por alguns anos, tal situação é fruto de novas rotinas como o home-office ou EAD.

Mas para as pessoas que ainda precisam, o transporte público precisa ser seguro e acolhedor, para garantir que as pessoas se sintam encorajadas e incentivadas a retornar.

Mas por que aumentar o uso do transporte público?

Embora os benefícios do transporte público estejam bem documentados e bem estabelecidos, tirar as pessoas de seus carros e entrar em ônibus continua sendo um desafio das cidades brasileiras.

E uma das formas de melhorar a atratividade do Transporte Público é através da digitalização e modernização dos sistemas de emissão de bilhetes, uma vez que estes são um elemento-chave da eficiência do transporte. As filas de passagens lentas e lotadas são desanimadoras para os passageiros, enquanto as opções de passagens sem contato estão se tornando uma expectativa.

A emissão de bilhetes baseada em contas (ABT) é um sistema de cobrança de tarifas em que os passageiros podem usar várias mídias leves para pagar pelo transporte público. As soluções ABT, suportam cartões de transporte de circuito fechado e circuito aberto, pagamentos com cartão bancário sem contato, emissão de passagens pelo celular e códigos QR, com máxima flexibilidade no cálculo de tarifas, contribuindo para uma experiência do cliente drasticamente aprimorada.

A bilhetagem pode permitir o uso de telefones celulares para compra e validação de passagens, eliminando a necessidade de carregar dinheiro ou até mesmo possuir um cartão. Esta é outra solução que aumenta a segurança pública, minimizando o contato humano no transporte público, ao mesmo tempo em que contribui para a experiência e conveniência geral do passageiro.

Um sistema de bilhetagem diversificado e personalizável é de grande importância para o transporte atual. Os provedores devem sempre garantir que também suportem novos cartões inteligentes e dispositivos móveis. As empresas de transporte dificilmente podem arcar com esse requisito com sistemas de bilhetagem proprietários. É simplesmente muito complicado e muito caro. Para permanecer flexível, é, portanto, importante estabelecer os chamados padrões abertos. Estes podem ser compartilhados por muitas empresas de transporte e, assim, serem desenvolvidos de forma mais eficiente.

Mas por que aumentar o uso do transporte público?

Apucarana-PR, por exemplo, no segundo mês de operação, quando as recargas de crédito por Pix ultrapassaram todas as outras modalidades, tornando-se a opção mais adotada pelos usuários do sistema de transporte público.

Balneário Camboriú/SC também adotou o sistema de Bilhetagem Digital desenvolvido pela empresa brasileira ONBOARD, o resultado foi que nos primeiros dois dias de operação com a Bilhetagem Digital os pagamentos por QR Code já representavam 47% do total, seguidos de 43% em dinheiro e apenas 10% em cartão de transporte.

Jundiaí/SP foi a primeira cidade da América Latina a oferecer bilhetagem digital em todos os ônibus. Atualmente, Jundiaí possui 273 ônibus em 84 linhas que movimentam 120 mil pessoas por dia. Em dezembro de 2020 foram 2.990 pagamentos e em julho de 2021, o número subiu para 12.000.

No município de São Paulo os ônibus também aceitam cartões de débito e crédito. Uma nova frota de ônibus em SP começara a receber pagamento das passagens via cartão de crédito, débito ou pré-pago. Esta nova modalidade de pagamento será feita somente por meio de cartões físicos, smartphone, smartwatches ou dispositivos que possuam a tecnologia NFC (“contactless”) em que o pagamento é feito por meio de aproximação.

A busca pela digitalização tem embasamento nas transformações do mercado. Atualmente, por exemplo, a ONBOARD se preocupa com a concorrência entre modais de transporte em relação ao transporte público, como carros por demanda, caronas por app e bicicletas compartilhadas.

De acordo com Luiz Renato Mattos, CEO da ONBOARD, o transporte público encontrou no mundo digital a competição que não existia antes. “Para ser competitivo não basta seu negócio ter um aplicativo, ele precisa tornar os processos digitais e se basear em evidências, por isso o sucesso imediato na digitalização das operações que adotaram o sistema de Bilhetagem Digital da ONBOARD”.

Ainda segundo o executivo, “Este resultado veio em um dos momentos mais delicados da história do setor e é a prova de que, com a ajuda da ONBOARD, o transporte público pode recuperar a sua competitividade e se tornar reconhecidamente inovador.

Outra inovação necessária para facilitar a modernização do Transporte Público é a adequação dos contratos de concessão e demais normas regulamentares com alteração das cláusulas de remuneração das concessionárias, com segregação entre tarifa técnica de remuneração e tarifa pública de usuários, e inserção de complemento tarifário, na forma de subsídio extra tarifário, para cobertura da diferença entre tarifa técnica e tarifa de usuário, conforme preconiza a Lei Nacional de Mobilidade de 2012.

Tal medida proporcionará a assunção pelo poder público da orientação do plano de oferta, equilibrando a capacidade de pagamento (receita tarifária mais subsídios públicos) com o padrão de qualidade necessário e possível. Assim, a modernização dos sistemas de bilhetagem, hoje risco único dos operadores, passa a ser exercido em conjunto com autoridade pública, que poderá modelá-los de acordo com a orientação de sua política pública. Portanto terá a autoridade pública uma ampliação da sua capacidade de controle e fiscalização dos serviços, na medida em que o controle da oferta e da qualidade é a base para o ordenamento dos pagamentos, logo exigindo uma ação mais efetiva do que a que hoje é praticada.



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