Mova-se
24 de abril de 2024
Inovação

Edital para bicicletas compartilhadas sai em 30 dias; Para especialistas, infraestrutura exige melhoria

Prefeitura de Goiânia deve publicar chamamento de empresas interessadas em implantar serviço na capital até meados de maio. Técnicos cobram…

Prefeitura de Goiânia deve publicar chamamento de empresas interessadas em implantar serviço na capital até meados de maio. Técnicos cobram ciclovias para que uso seja contínuo

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação
(Seplanh), promete publicar o edital de chamamento de empresas interessadas em implantar
serviço de bicicletas compartilhadas na capital até meados de maio. Oferta semelhante

existiu na capital entre 2016 e 2020, que chegou a ter 15 estações na cidade e 20 mil usuários
cadastrados. A intenção do Paço Municipal é que a nova oferta tenha ligação com o sistema
de mobilidade urbana, especialmente a integração com terminais de ônibus. No entanto,
especialistas alertam que é necessário ter uma infraestrutura segura e diversa para os
ciclistas.
O chamamento faz parte da política pública para mobilidade urbana, conforme o Plano de
Mobilidade de Goiânia (PlanmobGyn), instituído via decreto no último dia 12. Nele também
constam a meta de reduzir o uso do veículo particular automotivo e o aumento dos
deslocamentos a pé e de bicicleta. Também prevê o aumento da malha cicloviária e a
instituição de rotas entre bairros e dentro dos bairros para o uso das bicicletas. No entanto, é
provável que o serviço de compartilhamento seja efetivado antes do cumprimento das metas
de ampliação das estruturas cicloviárias.

A arquiteta e urbanista Regina Brito diz que a política é essencial para Goiânia, já que se trata de uma cidade apta ao uso da bicicleta pela arborização e relevo plano. “Mas precisa de um projeto cicloviário, com as ciclovias e estações acompanhando essa estrutura. Um projeto de mobilidade vai analisar onde cabe fazer essas
estruturas”, diz. Ela explica que mesmo em ligações com os terminais de ônibus ou eixos
estruturantes, como o BRT Norte-Sul, é preciso haver a estrutura para os ciclistas.
Integrante do Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade, Jean Damas, que já atuou na Secretaria
Municipal de Mobilidade (SMM), acredita que a insegurança é o que afasta o usuário da
bicicleta. “Goiânia, mesmo com uma rede cicloviária restrita, não tem risco nesses espaços,
mas fora das ciclovias é mais arriscado. A pessoa não vai deixar o filho usar a bicicleta para ir
à escola se for para ter risco de ser atropelado, mas se tem uma infraestrutura segura, vai ter
mais uso”, garante.
Ele conta que a capital tem a quarta maior frota de bicicletas do País, mas é apenas a 24ª em
infraestrutura cicloviária, o que mostra a discrepância. “Eu acredito demais no uso da
bicicleta, enquanto estava na SMM fizemos contagem em avenidas e era impressionante o
número de ciclistas que passavam em uma hora. Então, para funcionar, depende da oferta de
infraestrutura, precisa da segurança para o usuário”, diz.
A urbanista Regina Brito acredita que não é difícil para a Prefeitura elaborar um plano
cicloviário. “Goiânia já tem seus eixos determinantes, já tem as pistas à disposição, tem agora
o Plano de Mobilidade. Não são projetos difíceis de serem feitos, mas é um ano eleitoral,
então tem que ser parte de um plano de governo”, considera.
Damas complementa que as cidades que avançaram na questão do uso da bicicleta são as
que possuem estrutura, depois vem a educação, a fiscalização e o incentivo. “Em Paris
(França), as ruas têm metade do espaço para carros e metade para bicicletas. Em Londres
(Inglaterra), tem espaços nas ruas para as bicicletas, igual temos os motoboxes aqui, lá é de
bicicleta.”
A divulgação de que o novo chamamento ocorreria até meados de maio foi dada no início
desta semana, quando foi explicado que ele será feito em diversas modalidades. Em uma
delas, é a Prefeitura vai apresentar 20 locais em que as estações serão implantadas. Segundo
a Seplanh, “o edital de chamamento para instalação de pontos de bicicletas compartilhadas

Na outra modalidade, as empresas deverão indicar os locais em que desejam implantar uma
estação de compartilhamento. Ainda não está claro quais serão os critérios de escolha e nem
mesmo como vai funcionar o serviço com mais de uma empresa operando na cidade. Para
Jean Damas, ter mais de uma empresa é algo positivo, pois haverá mais opções e até maior
chance de que alguma consiga investir na cidade até o projeto ficar mais maduro para o uso
público.
Por outro lado, ele considera que será importante que ocorra uma integração entre os
sistemas de mobilidade para o funcionamento do serviço, visto que seria inviável para o
cidadão possuir, por exemplo, mais de um aplicativo para o uso das bicicletas
compartilhadas, sem saber qual a empresa detentora de cada estação.
“Normalmente, nas outras cidades, há um monopólio. Aqui não deverá ser assim, o que é
bom. Mas é preciso que a Prefeitura faça essa integração, precisamos ver a divulgação do
edital para isso”, diz.



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