O apagão cibernético ocorrido em 19 de julho de 2024 expôs a vulnerabilidade dos sistemas de transporte público, e sua alta conectividade, gerando uma série de impactos significativos e abrangentes.
O que aconteceu?
Uma falha na atualização de segurança de um dos softwares da CrowdStrike desencadeou um efeito dominó, afetando servidores e sistemas em todo o mundo. Empresas, serviços públicos e indivíduos foram impactados, trazendo à tona nossa vulnerabilidade em um mundo altamente conectado.
Este evento não só paralisou as operações momentaneamente, mas também levantou questões críticas sobre a resiliência e a segurança das infraestruturas digitais que sustentam o transporte público.
Como a interrupção cibernética afetou diversos aspectos do transporte coletivo, incluindo a venda de passagens, atendimento ao cliente, sistemas de informação, planejamento e controle do serviço, além da operação de ônibus elétricos:
1. Venda de Passagens
O sistema de venda de passagens é um dos mais afetados por apagão cibernético. Muitas cidades e operadoras de transporte dependem de sistemas online para a venda e verificação de bilhetes. Com a interrupção, os usuários enfrentaram dificuldades para adquirir passagens, resultando em longas filas e atrasos. Para muitos, a impossibilidade de usar cartões de crédito e débito significa a necessidade de carregar dinheiro em espécie, o que não é comum para todos os passageiros, e também aumenta a circulação de dinheiro em espécie dentro dos veículos, aumentando a insegurança e impactando processos internos.
2. Atendimento ao Cliente
O atendimento ao cliente também também é severamente impactado. Com os sistemas de comunicação fora do ar, as centrais de atendimento ao cliente ficam sobrecarregadas. A falta de acesso a informações em tempo real aumenta a frustração dos passageiros, que não conseguem obter informações sobre horários, rotas alternativas ou resolver problemas relacionados às passagens.
3. Sistemas de Informação
Os sistemas de informação são essenciais para o funcionamento eficiente do transporte público, causando grandes transtornos ao usuários quando são interrompidos. Isso incluiu a perda de sinalização em tempo real, informações de chegada e partida de veículos, avisos de emergência, locias de embarque, locais de compra de passagens e etc. Sem esses sistemas, os passageiros ficam desinformados sobre os horários de ônibus e metrôs, exacerbando a desordem e o caos nas estações e pontos de ônibus. Impactando também na segurança, pois os usuários por falta de informação em tempo real, acabam ficando mais tempo nas paradas de ônibus.
4. Planejamento e Controle do Serviço
O planejamento e controle dos serviços de transporte público também são prejudicados. Os sistemas de gestão de frota, que monitoram e otimizam a distribuição dos veículos, ficam inoperantes, resultando em atrasos e falhas na frequência dos ônibus e trens. A incapacidade de ajustar rapidamente as rotas e horários em resposta às condições de tráfego em tempo real aumenta as ineficiências operacionais dos sistemas.
5. Ônibus Elétricos e Infraestrutura Conectada
Os ônibus elétricos estão se tornando uma realidade cada vez mais comum no Brasil, trazendo consigo um alto nível de conectividade para diagnósticos e monitoramento em tempo real. Esses veículos tem a necessidade de uma infraestrutura de recarga, que também está sujeita a impactos cibernéticos. Embora seja possível operar as recargas de forma offline, essa abordagem compromete a gestão eficiente, uma vez que se perde a capacidade de monitoramento e otimização online.
A falha nos sistemas de carregamento pode levar a interrupções na disponibilidade de ônibus, prejudicando ainda mais o serviço.
6. Ações Preventivas
O apagão cibernético revelou a necessidade melhorias e implementação de sistemas mais robustos e redundantes, além de protocolos de resposta a emergências, é crucial para minimizar os impactos de futuros incidentes cibernéticos.
A confiança do público no transporte coletivo também fica abalada, destacando a importância de medidas de comunicação transparentes e eficazes para restaurar a credibilidade do serviço.
Conclusão
O apagão cibernético de 19 de julho de 2024 foi um alerta sobre a fragilidade dos sistemas de transporte público diante de ataques digitais. A interrupção das operações não só causa transtornos imediatos aos passageiros, mas também ressalta a necessidade de um investimento contínuo em cibersegurança e resiliência das infraestruturas tecnológicas. Garantir a continuidade e a segurança dos serviços de transporte público é essencial para a mobilidade urbana e a confiança dos cidadãos.
