Mova-se
17 de novembro de 2022
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Goiânia, que mobilidade queremos?

Construção de viadutos, projetos de educação no trânsito, mudanças na região da 44, reforma de terminal, introdução do bilhete único…

Construção de viadutos, projetos de educação no trânsito, mudanças na região da 44, reforma de terminal, introdução do bilhete único e do Passe Livre do Trabalhador, meia tarifa… São muitas ações em 2022. No entanto, essas ações serão efetivas contra problemas estruturais da mobilidade?

Mesmo sendo dignas de reconhecimento, ações isoladas não são efetivas para a melhoria da mobilidade urbana. A mobilidade é um sistema composto por vários elementos (matriz modal, acessibilidade, infraestrutura…) que se relacionam entre si e com outros sistemas, como o sistema de segurança pública, sistema de saúde, sistema de educação, sistema de tráfego, etc. Como o sistema da mobilidade urbana está inserido em um sistema maior, a cidade, o planejamento desses dois sistemas deve seguir na mesma sintonia, inseparáveis, ou seja, no projeto de cidade (plano diretor), deve estar inserido o plano de mobilidade.

Então, primeiro, deve-se pensar na mobilidade como um sistema. Segundo esse sistema tem que ter identidade. Que tipo de mobilidade queremos? A partir da definição do tipo de mobilidade que a sociedade quer, elabora-se um plano em que todas as ações são voltadas para o alcance do mesmo propósito. Ou seja, todas as instituições envolvidas devem trabalhar juntas, devem possuir o mesmo plano de ação e, assim, essas ações não estarão isoladas, e sim, orquestradas.

A Holanda, por exemplo, definiu o tipo de mobilidade que queria e todos os envolvidos seguiram o mesmo plano. Em busca de reduzir o número de mortes no trânsito (em 1971 foram 3,3 mil mortes, incluindo 400 crianças), o tempo de deslocamento e recuperar o espaço público, adotou a bicicleta, bondes e trens como principais meios de transporte. Realizou inúmeras ações ao longo de anos, que não se limitaram a construir ciclovias. Abrangiam cultura, elementos de tráfego, política, educação, segurança pública, planejamento urbano, provocando uma verdadeira transformação da mobilidade. Esse é o terceiro ponto importante: a transformação.

A transformação, nesse caso, significa a manutenção de políticas públicas e ações que garantam a continuidade do plano, de forma que este ultrapasse os desafios impostos pelo tempo, pelas mudanças no governo, na economia, no mundo.

Por isso, enquanto não houver uma decisão sobre o tipo de mobilidade a ser implantada e se esta não for vista de forma sistêmica, as ações propostas não serão suficientes para provocar a transformação na mobilidade. Assim, de tempos em tempos, teremos novos planos sendo iniciados e não aprimorados, e continuaremos com os mesmos problemas de congestionamento, acidentes e falta de qualidade no transporte público. Em resumo, sem avanços significativos na mobilidade urbana.

Poliana Leite é professora no curso de Engenharia de Transportes da UFG e membro do Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade



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