Mova-se
26 de abril de 2022
Mobilidade

Aumento dos serviços de delivery e os acidentes de trânsito

Disparada do número de motociclistas provoca um efeito trágico no trânsito durante a pandemia, alerta o Mova-se Fórum de Mobilidade…

Disparada do número de motociclistas provoca um efeito trágico no trânsito durante a pandemia, alerta o Mova-se Fórum de Mobilidade

A pandemia impulsionou o comércio eletrônico em todo o país, via sites e aplicativos, e como consequência fomentou o mercado das entregas, tornando ainda mais difundida a presença de motoboys e cicloboys nas ruas, com suas caixas nas costas. Neste sentido, os aplicativos de entrega transformaram a forma com que encaramos os serviços de delivery.

Só o iFood, maior das plataformas do tipo (detém cerca de 75% do mercado nacional segundo pesquisa da consultoria CVA Solutions, 2020), praticamente dobrou o número de restaurantes cadastrados entre outubro de 2019 (116 mil) e agosto de 2020 (236 mil) no Brasil.

Dos 4,4 milhões de trabalhadores do setor de transporte no Brasil, 1,4 milhão são entregadores e motoristas de aplicativos, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea – 2021). Os dados mostram que, no primeiro trimestre de 2016, o número de pessoas ocupadas no transporte de passageiros, como Uber e 99, entre outros, era de cerca de 840 mil motoristas. Segundo a pesquisa, para o transporte de mercadorias, o número passou de 30 mil trabalhadores em 2016 para 278 mil no segundo trimestre de 2021, o que representa uma expansão de 979,8% no período.  Somados aos demais entregadores de mercadoria, esses trabalhadores formam um contingente de 700 mil pessoas, segundo dados do último levantamento PNAD Covid do IBGE (2021).

Para o coordenador técnico do Mova-se Fórum de Mobilidade, Miguel Ângelo Pricinote, o aumento da entrada de novos trabalhadores no setor de delivery de alimentos com motos exige uma discussão sobre a necessidade de se aperfeiçoar a legislação de trânsito para o aumento tão expressivo no número de motocicletas e bicicletas fazendo entregas ao longo do tecido urbano. “Causas como a exigência de entregas rápidas, desrespeito às leis de trânsito e a necessidade de fazer lucro com o delivery estão provocando sérios efeitos. São motociclistas mutilados e mortos”, comenta Pricinote.    

Tal situação é refletida pelo número de acidentes com vítimas fatais com motocicletas, que representam 57,2% dos óbitos no trânsito, na cidade de Goiânia. E o número de óbitos de ciclistas quase dobrou entre 2019 para 2020, saindo de 9 para 17 mortos. Segundo dados da Secretária Municipal de Saúde de Goiânia.

Já no país, segundo quantidade de indenizações por morte pagas pelo seguro DPVAT, em 2011 48% das vítimas eram de acidentes em automóveis e 38% em motocicletas. Contudo em 2020, 51,9% das indenizações foram para familiares de motociclistas vítimas de acidentes fatais e 33,52% para famílias de condutores de automóveis vitimados.  

O Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial de vítimas de trânsito, atrás apenas da Índia, China, Estados Unidos e Rússia, com cerca de 22 mortes por 100 mil habitantes e mais de um terço dessas ocorrem por acidentes envolvendo motociclistas, a partir de dados publicados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea, 2021).



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