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5 de julho de 2022
Inovação

Anápolis, transporte coletivo com qualidade e sem subsídio

Por Fernanda Mendonça É incontestável que para os sistemas de transporte público coletivo a COVID 19 só veio escancarar um…

Por Fernanda Mendonça

É incontestável que para os sistemas de transporte público coletivo a COVID 19 só veio escancarar um problema que já se instalava ao longo dos anos. A remuneração do sistema apenas pelo rateio da tarifa entre os usuários pagantes, não é o suficiente para manter a qualidade da operação e a sobrevivência do sistema. No entanto, em algumas cidades, o transporte público sobreviveu a pandemia e continua funcionando, sem nenhuma ajuda de custo, conseguindo manter a qualidade e o bom funcionamento.

Esse é o caso da cidade de Anápolis, com uma população de 396.526 habitantes, segundo estimativa do IBGE (2021), possui um sistema de transporte coletivo operado por uma única empresa, genuinamente Anapolina.

Antes da pandemia o sistema rodava com uma frota de 190 veículos e transportava uma média mensal de 1.861.859 passageiros. Com a pandemia e a paralização das atividades, o número de passageiros transportados apresentou uma redução de aproximadamente 50%, passando a operar com uma média 937.930 passageiros mensais. Como o sistema já utilizava a bilhetagem eletrônica, para redução dos custos operacionais, no início de 2020, os cobradores foram retirados e a frota foi reduzida, chegando a 143 veículos. Tudo isso com o objetivo de dar continuidade à operação, com a mesma qualidade, já que o sistema não recebia nenhum subsídio.

No início de 2022, já com a pandemia sobre controle, e a volta à normalidade das atividades de comércio e serviço e também das atividades escolares, o sistema voltou a operar de forma regular. Hoje o número de passageiros está aumentando gradativamente. Segundo informações da própria operadora, em março de 2022 o sistema já estava operando com 1.149.026 passageiros, o que corresponde a 61,71% dos passageiros transportados antes da pandemia e uma frota de 153 veículos.

A empresa segue operando sem qualquer subsídio, tentando a todo custo manter a qualidade da operação, mesmo sem qualquer outro suporte. Dessa forma o jeito é tentar artifícios que, de uma forma ou de outra, dão fôlego ao sistema. No último aumento da tarifa, ocorrido no início de 2022, a estratégia instituída foi a redução da tarifa para os usuários de cartão transporte, no valor de R$ 4,95, enquanto para os pagantes em moeda corrente vale a tarifa cheia, R$ 5,50.

Fernanda Mendonça – Arquiteta e Urbanista. Mestre em Projeto e Cidade e Doutoranda em Paisagem, Território e Políticas Urbanas – UnB. Professora de Transportes e Planejamento Urbano e Consultora em Mobilidade Urbana – ITCO.



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